Uma parte significativa do esforço de todos nós _ autores de jogos e apreciadores de jogos em geral _ deve ser dirigida, no meu modo de entender, à divulgação do hábito de jogar.
O mercado de jogos no Brasil é mais fraco que o mercado de jogos em outros países (Europa e Estados Unidos) entre outras razões porque jogar jogos de tabuleiro em família ou entre amigos não é um hábito que nós brasileiros costumemos cultivar. Ao contrário, a maioria das pessoas deixa de jogar esses jogos tão logo entra na adolescência. O mercado de jogos para adultos em nosso país é quase inexistente.
Ora, quanto mais as pessoas jogarem, mais os autores terão espaço para criar e mais títulos de boa qualidade poderão ser lançados. E para um público que tem o hábito de jogar, podem ser oferecidos jogos mais sofisticados.
Será que podemos fazer algo a respeito? Talvez não muito. Mas algumas pequenas coisas podem estar a nosso alcance:
Jogue em família: reservar uma noite por semana para jogar em família pode ser um bom programa. Há jogos suficientemente interessante para os adultos e que podem ser jogador também por crianças (Ex: jogos disponíveis no mercado como Banco Imobiliário, Can Can e Rummikub; jogos que você joga com material que deve ter em casa como Yatzi, Mexe-Mexe e Copas). Se possível, estude as regras antes de ensiná-las aos outros. As pessoas reagirão melhor do que se todos tiverem que aprender juntos do zero.
Jogue com os amigos: convidar amigos para jogar pode ser muito divertido. Dependendo do perfil das pessoas você pode escolher jogos diferentes. Podem ser jogos leves como os citados acima; jogos de conhecimento e interação (Ex: Perfil, Master, Imagem & Ação); e até jogos mais sofisticados, se todos forem jogadores experimentados e que gostam de jogos que exigem reflexão (Ex: Conquistadores, Interpol); podem também ser jogos que dá para jogar com material que você tem em casa (Ex: Dicionário, Quarenta e Dois, Espadas, Liar Dice). Se possível, estude as regras antes de ensiná-las aos outros.
Dê jogos de presente: quando você precisa dar um presente e não sabe o que dar, um jogo pode ser uma boa opção. As crianças e adolescentes provavelmente vão gostar. Já para um adulto, eu só daria um jogo se eu soubesse que se trata de alguém que tem o hábito de jogar ou que está começando a se reinteressar por jogos. Qualquer que seja o caso, procure dar jogos que você jogou e sabe que são bons, ou que tenham sido bem indicados por terceiros em quem você confie.
Divulgue os sites de jogos: recomende aos seus amigos o nosso site e outros sites de jogos que você tenha entre os seus preferidos. Pode ser uma boa maneira de introduzi-los ao mundo dos jogos.
A importância de jogar em família
Jogue com seus filhos. Você não vai se arrepender. O jogo, quando bem escolhido, tem a capacidade de reunir gerações diferentes em torno de uma mesma mesa, proporcionando momentos agradáveis e importantes. Além disso é um lazer relativamente barato, divertido e que exercita a mente.
Um aspecto dos jogos tem sido negligenciado. O jogo tem um potencial fantástico para agregar a família.Observando amigos e parentes, notamos que pais e filhos tendem a se distanciar uns dos outros após certa idade, que coincide com o período da pré-adolescência. Os pais se vêem aliviados por terem um pouco mais de tempo livre para eles e as crianças por seu lado começam a ter atividades próprias e independentes. Mas as crianças continuam ávidas pela atenção dos pais e se ressentem desse afastamento. Com isso, elas começam a atormentar a vida dos pais com pedidos absurdos, demanda de atenção, exigências… Os pais ficam reclamando disso, que têm que carregar os filhos de lá para cá e que os filhos não dão retorno.
O encontro que poderia haver no momento de lazer, acaba não se fazendo. A programação de TV de interesse de um é diferente da de interesse do outro, os filmes de interesse de um são diferentes dos filmes de interesse do outro, os livros de interesse de um são diferentes dos livros de interesse do outro, etc. Se o pai tiver interesse em videogame ou se estimula atividades esportivas que possam ser realizadas em conjunto, talvez possa haver algum ponto de contato. Mas fora isso, há poucas atividades de lazer com interesse comum entre dois grupos tão distantes. E muitas vezes os únicos momentos de contato acabam sendo as refeições.
Mas aí é que está o ponto: os jogos têm um potencial fantástico para unir os dois grupos. Um potencial que está sendo negligenciado. Se você tomar essa iniciativa, provavelmente seu filho vai apreciar. Vai apreciar passar um momento de lazer com você, vai apreciar a atenção que você está lhe dando e vai apreciar a atividade em si. Por que então isso já não faz parte dos hábitos de qualquer família?
É curioso notar, por exemplo, como as mães costumam dar atenção às crianças pequenas, até quatro ou cinco anos. Elas se dispõem inclusive a sentar com a criança e jogar. Talvez porque acreditem que isso faz parte do seu dever de mãe, que isso estimula a criança e contribui para a sua formação, exercita sua inteligência, etc. Então elas têm muita disposição para ensinar os filhos a jogar o jogo da memória, a montar quebra cabeça… Mas depois disso, adeus jogos. Por quê?
É verdade que muitos dos jogos que estão no mercado não são adequados para promover essa relação. Freqüentemente, eles são jogos longos, o que afugenta os pais. Quando o pai se senta depois do jantar para jogar com o filho, quer um lazer de uma hora, não de três horas. E na sua memória, os jogos duravam horas. Você se lembra do Banco Imobiliário, do War e daquelas partidas intermináveis? É claro que se lembra.
Há jogos que atraem muitos adultos, como Master e Perfil. São jogos de conhecimento com regras muito simples e partidas que não são longas. Mas esses jogos, embora bons para se jogar entre adultos, não preenchem esse espaço. E não o preenchem porque não são capazes de juntar os dois grupos. A razão? A distância natural de nível cultural entre adultos e crianças, o que traz de cara um grande desequilíbrio no jogo: a criança não tem chance de ganhar.
De fato, não há no mercado uma grande oferta de jogos que sejam ao mesmo tempo interessantes para os pais, acessíveis a crianças a partir de 10 anos e com duração adequada ao lazer que se propõe.
Alguns títulos que eu indicaria ao pai que quiser iniciar um processo desses: 1. O clássico Detetive, que também é um jogo que atrai bastante o público feminino; 2. Ponto de Vista, um lançamento recente da Grow muito fácil de aprender e muito divertido; 3. Riquezas do Sultão, recentemente lançado pela Estrela, pelo qual advogo em causa própria, já que sou um dos autores, mas acho realmente que é um bom título para essa situação; 4. Interpol, caso o pai já tenha alguma familiaridade com jogos, pois esse é um pouco mais complexo que os outros e exigirá um pouco mais de dedicação do pai na hora de aprender a jogar.
Já para um pai que tenha poder aquisitivo para comprar jogos importados (o preço aqui pode chegar a 150 reais), o número de jogos que podem preencher essa função é muito grande. Se você está em São Paulo, não deixe de fazer uma visita à Ludus e leve seu filho. Trata-se de um bar de jogos, um local onde você pode se sentar e aprender a jogar uma série de jogos nacionais ou importados, podendo inclusive comprá-los. Nada de carteado, nem de jogo a dinheiro. É um bar onde você pode jogar o que há de mais moderno em jogos de tabuleiro. Se não souber por onde começar, os jogos do ano (premiados com o SDJ, o Oscar dos jogos) costumam ser uma boa referência.
Gostaria de ressaltar ainda que, além da integração familiar, jogar traz uma série de benefícios também para o adulto. É uma atividade intelectual, portanto que exercita o cérebro. Há estudos que mostram que jogar mantém o cérebro ativo. Isto é importante, principalmente após certa idade. Há muitas atividades que podem ter essa função e jogar é uma delas.
Há também um benefício econômico. Geralmente a gente pensa no jogo de tabuleiro como um produto caro, mas isso só enquanto desconsidera o uso que vai ter. Você chega numa loja, vê uma coisa que custa 50 reais, 60 reais, 100 reais, e acha que é uma coisa cara, por definição. Eu também acho caro. Para mim, qualquer coisa nesse valor é cara. Um livro de 100 reais, um vinho de 100 reais, uma calça de 100 reais, uma refeição de 100 reais, acho todos eles caros para se pagar.
Se eu pensar assim, o jogo é caro mesmo. Mas se eu levar em conta que o jogo vai ser jogado vinte ou cinqüenta vezes, que vai proporcionar grande diversão em diversas noites, fins-de-semana, que vai ser levado em viagens, se eu pensar nas horas de lazer, é um lazer muito barato. Um lazer do qual você pode dispor em casa.
Finalmente, um ponto não menos importante: jogar é divertido! Se você tiver o jogo adequado, jogar é divertido. E há jogos que podem proporcionar uma experiência agradável para adultos e crianças na mesma mesa. Isso é algo que os alemães compreendem como ninguém. Li uma vez, numa entrevista do Sid Sakson, algo mais ou menos assim: A Alemanha é o único país em que um pai considera que jogar com seus filhos faz parte de seus deveres. Não é à toa que os melhores jogos estejam vindo de lá. Mas você não precisa estar na Alemanha para sentar com seus filhos à mesa, tirar um jogo do armário e interagir, como pais e filhos deveriam interagir, em qualquer idade.
JOGAR É COISA DE CRIANÇA? Sim, mas de gente grande também!
A infância é o período da vida onde estamos em relação mais direta com o lúdico. Adoramos brincar e tudo é motivo para brincar. Geralmente a partir dos quatro, cinco ou seis anos de idade, a criança já é capaz de absorver um conjunto de regras, se for simples. Ela já tem paciência para se sentar diante de um tabuleiro e de esperar a sua vez de jogar. Ela lida mal com a frustração da derrota, mas pode aprender que isso é parte da brincadeira.
Mas aí as crianças crescem e algumas decidem que brincadeira é coisa do passado. Bobagem! O lúdico é atraente em qualquer idade, embora possa tomar formas muito diferentes.
Conheci uma senhora para quem era um grande desafio encaixar tudo o que queria comer dentro das regras do regime que seguia. Um senhor para quem era um jogo subir no vagão de metrô que na descida já lhe deixasse diante da saída da estação. Isso é jogo, isso é lúdico.
Jogar em torno de uma mesa é apenas fixar condições fictícias para um desafio coletivo divertido, seja ele baseado na destreza, capacidade de blefar, cálculo ou intuição.
Então, por que muitas pessoas deixam de jogar após certa idade? Por que algumas passam a jogar apenas um jogo, seja ele Xadrez ou Buraco?
Uma resposta possível é que os adultos são menos abertos a novas experiências, se comparados às crianças.
Outra resposta – e essa não tem fundamento! – é que muitos acham que jogo é coisa de criança. Mas isso é uma bobagem!
É claro que existem muitos jogos voltados às crianças e apenas suportáveis do ponto de vista do adulto. Mas é grande o número de jogos que pode interessar até mais adultos que crianças.
Ninguém duvidaria disso se falássemos de jogos tradicionais como o Xadrez ou o Go. Igualmente se falássemos de jogos de cartas tão populares como o Buraco, o Bridge ou o Pôquer. Mas e os jogos ditos modernos? Quer dizer, os jogos vendidos em lojas?
É verdade que boa parte deles é voltada a crianças. Mas muitos não são. Atualmente, os melhores títulos para adultos vêm da Alemanha, mas já se vê um alargamento de suas fronteiras lúdicas e a participação crescente de autores americanos, franceses, italianos e até brasileiros.
E então? Quer jogar? Separe uma noite na semana, chame seus amigos ou junte a família e vamos lá! Escolha bem o jogo antes de comprar, leia sobre ele neste site ou em outro. Já com o jogo em mãos, aprenda as regras, para poder ensiná-las com mais rapidez aos outros. Você vai ver, a experiência vai valer a pena. Depois que jogar um, vai querer mais. É um lazer barato, pois um jogo permite noites e noites de diversão. É além de tudo, um lazer inteligente, que exercita a mente e traz bons momentos de interação com quem a gente gosta.
Jogos de Tabuleiro e Interação
Os jogos de tabueiro tem algo de insubstituível: relação humana.
Há alguns anos, os jogos de tabuleiro faziam parte da diversão de toda criança. Hoje, a televisão e o videogame ocuparam boa parte do espaço antes destinado a eles.
É verdade que os jogos de computador e videogame oferecem recursos que os de tabuleiro não oferecem. E que frequentemente podem ser mais envolventes do que eles.
Mas há um aspecto dos jogos tradicionais que não foi substituído: a interação com os demais jogadores.
Interação com os demais jogadores significa diversão. Quando você joga um jogo de tabuleiro com os seus amigos, boa parte da farra está na interação. Um atacando o outro, o outro revidando, uma aliança com um terceiro, a gargalhada quando aquele que estava ganhando é passado para trás. Você assume um papel, uma postura, que não são os seus na vida cotidiana. Isso tudo além das brincadeiras, conversas paralelas, etc.
Interação com os demais jogadores também significa bons momentos com a família. Muitos jogos de tabuleiro podem ser jogados por crianças mas também servem aos adultos. E não é sempre que uma família tem oportunidade de se reunir numa mesma atividade, passar bons momentos em conjunto.
As relações humanas tornam-se cada vez mais raras. E todos sentem falta disso, ainda que não se dêem conta. Não deve ser sem motivo que nos Estados Unidos os jogos de tabuleiro tenham tidos nos últimos anos um crescimento de mercado bem maior do que os jogos de computador. E que na Europa a produção de jogos e a variedade de novos títulos seja realmente impressionante. Será que no Brasil passaremos por algo semelhante? É difícil dizer. Mas não há dúvida de que seria muito saudável se uma parte do tempo que hoje dedicamos à TV, ao videogame e ao computador fossem transferidos para atividades onde as relações humanas são privilegiadas, tais como os jogos de tabuleiro.
Monopoly / Banco Imobiliário – Uma história de sucesso?
O Monopoly é o jogo mais vendido no mundo. Já foi traduzido para mais de 25 línguas e é distribuído em pelo menos 80 países. Estima-se que 500 milhões de pessoas já o tenham jogado. A Estrela publicou esse jogo no Brasil, na década de 60, com o nome Banco Imobiliário. Mas qual a história desse sucesso?
Em 1934 Charles B. Darrow, americano da Pensilvânia, mostrou o jogo aos executivos da Parker Brothers. Mas o jogo foi rejeitado por conter “52 erros específicos”. Darrow, desempregado naquela época de recessão, decidiu produzir o jogo sozinho.
Com a ajuda de um amigo, Darrow vendeu 5.000 unidades feitas à mão para lojas de departamentos da Filadélfia, Boston e Nova York. As pessoas adoraram o jogo e a demanda cresceu rapidamente, ao ponto que Darrow não podia mais supri-la. Mas o sucesso instantâneo fez com que a Parker Brothers revisse sua posição e lançasse o jogo em 1935. Darrow tornou-se multi-milionário.
Mas na verdade, ele não levou à Parker Brothers uma idéia original. Um jogo muito parecido havia sido patenteado por Lizzie J. Magie em 1904, com o nome de The Landlord’s Game.
A diferença principal é que no jogo de Magie, o conceito básico era o de mostrar como os monopólios são injustos e como as cobranças de aluguel por grandes proprietários inescrupulosos podiam ser exorbitantes. Irônico, não?
A maior contribuição de Darrow foi a proposta de um novo design para o tabuleiro, que praticamente se mantém até hoje.
CURIOSIDADES – sobre o Monopoly
Estima-se que 500 milhões de jogadores já tenham jogado Monopoly (versão original americana do Banco Imobiliário) desde seu lançamento em 1935.
O jogo já foi publicado em mais de 25 línguas e é vendido em 80 países ao redor do mundo.
A partida mais longa de Monopoly jogada de cabeça para baixo – SIM, de cabeça para baixo! – durou 36 horas.
primeira página da patente de Carles Darrow
A HISTÓRIA DO CLUEDO (DETETIVE)
Anthony E. Pratt era um funcionário aposentado da procuradoria quando teve a idéia do jogo em 1944. Em 1946, após tê-la desenvolvido, foi à Waddington’s Games, em Leeds (Inglaterra) para discutir as possibilidades de sua fabricação.Norman Watson, diretor da Waddington’s na época, logo reconheceu no jogo um sucesso potencial. No entanto, devido à escassez de alguns materiais no pós-guerra, o jogo só pode ser lançado em 1949. O design do tabuleiro havia sido proposto pelo próprio Sr. Pratt, um pintor amador.
Hoje, o jogo é vendido em mais de 40 países, dos Estados Unidos à Suécia, do Brasil à Nova Zelândia. A Parker Brothers obteve os direitos para os E.U.A. ainda em 1949, comercializando-o com o nome Clue. O jogo se tornou um dos clássicos favoritos dos Estados Unidos, assim como da Europa e do Brasil, onde é fabricado pela Estrela desde a década de 80.
No jogo, os participantes assumem o papel de detetives amadores, tentando descobrir quem matou o Sr. Pessoa, com que objeto e em que lugar. A ação se passa na mansão do próprio Sr. Pessoa e os jogadores se deslocam de aposento em aposento, tentando recolher pistas e fazer deduções.
fonte: www.ludomania.com.br